Ferreira Gullar morre aos 86 anos

O Poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar morreu na manhã deste domingo (4) no Rio, aos 86 anos. 

Gullar é um dos maiores autores brasileiros do século 20 e foi eleito "imortal" da Academia Brasileira de Letras (ABL) 

em 2014, tornando-se o sétimo ocupante da cadeira nº 37.

De acordo com a ABL, Gullar foi vítima de uma pneumonia. Ele estava internado há 20 dias no hospital

Copa D'Or, na Zona Sul do Rio.

O corpo do escritor será transportado às 17h deste domingo à Biblioteca Nacional, no Centro do Rio.

Às 9h de segunda (5), ele sai para o velório no prédio da Academia Brasileira de Letras. Às 15h, o corpo 

será levado para o enterro no mausoléu da ABL, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Ferreira Gullar deixa dois filhos, Luciana e Paulo, oito netos, e a companheira Cláudia, 

com quem vivia atualmente. Seu último livro foi "Autobiografia poética e outros textos", lançado este ano.

Nessa época, trabalhou no volume de poesia "A luta corporal" (1954), que o lançou no cenário nacional. 

Essa obra que resultou de "uma implosão da linguagem poética" é associada ao surgimento da poesia 

concreta. Gullar, porém, romperia com o grupo mais tarde, passando a fazer parte do movimento neoconcreto,

 ao lado de artistas plásticos e poetas do Rio.

Foi Gullar quem escreveu o manifesto que marcou a aparição, em 1959, do movimento neoconcreto, 

do qual também foram expoentes artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica. No mesmo ano, saiu o

 ensaio "Teoria do não-objeto", outro texto fundamental do movimento.

Gullar só voltou ao Brasil em 1977, onde foi novamente preso e também torturado. Conseguiu ser solto depois de 

pressão internacional e trabalhou na imprensa do Rio e como roteirista de TV. Nos anos 1980, escreveu o seriado

 "Carga pesada" e assinou a novela "Araponga", essa em parceria com Dias Gomes e Lauro César Muniz.

Em 1985, com a tradução da peça "Cyrano de Bergerac", ganhou o prêmio Molière, um feito inédito 

na categoria tradução.

No país, lançou "Na vertigem do dia" (1980) e a coletânea "Toda poesia". Também artista plástico 

e crítico, escreveu "Etapas da arte contemporânea" (1985) e "Argumentação contra a morte da arte" (1993).

Gullar também foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 2002.

Veja, abaixo, os livros publicados por Ferreira Gullar

Poesia

"Um pouco acima do chão" (1949)
"A luta corporal" (1954)
"Poemas" (1958)
"João Boa-Morte, cabra marcado para morrer" [cordel] (1962)
"Quem matou Aparecida?" [cordel] (1962)
"A luta corporal e novos poemas" (1966)
"Por você, por mim" (1968)
"Dentro da noite veloz" (1975)
"Poema sujo" (1976)
"Na vertigem do dia" (1980)
"Crime na flora ou ordem e progresso" (1986)
"Barulhos" (1987)
"Formigueiro" (1991)
"Muitas vozes" (1999)

Crônica
"A estranha vida banal" (1989)

Infantil e juvenil
"Um gato chamado gatinho" (2000)
"O menino e o arco-íris" (2001)
"O rei que mora no mar" (2001)
"O touro encantado" (2003) 
"Dr. Urubu e outras fábulas" (2005)

Conto
"Gamação" (1996)
"Cidades inventadas" (1997)

Memória
"Rabo de foguete" (1998)

Biografia
"Nise da Silveira" (1996)

Ensaio
"Teoria do não-objeto" (1959)
"Cultura posta em questão" (1965)
"Vanguarda e subdesenvolvimento" (1969)
"Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina" (1976)
"Uma Luz no Chão" (1978)
"Sobre Arte" (1982)
"Etapas da Arte Contemporânea: do Cubismo à Arte Neoconcreta" (1985)
"Indagações de Hoje" (1989)
"Argumentação Contra a Morte da Arte" (1993)
"Relâmpagos" (2003)
"Sobre Arte, sobre Poesia" (2006)

Teatro
"Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come" (1966), com Oduvaldo Vianna Filho
"A saída? Onde fica a Saída?" (1967), com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa
"Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória" (1968), com Dias Gomes
"Um rubi no umbigo" (1978)
"O Homem como Invensão de si Mesmo" (2012)

Fonte: G1