O ego é tomado como uma espécie de órgão executivo central da personalidade.

Para Freud, o conceito fundamental da psicanálise é o inconsciente, logo, é em torno dele que se ordena o edifício teórico e técnico da psicanálise. Para a psicologia do ego, entretanto, o conceito fundamental é o de “ego consciente”, que, além das características acima mencionadas, integra ainda a de “autonomia” (HARTMANN, 1962). Como sistema de controle racional das condutas, ele é também o órgão responsável pelos processos de aprendizagem e de adaptação do indivíduo ao meio ambiente físico e social. Hartmann (1962, p. 51) escreve: No seu trabalho clínico o terapeuta se confronta constantemente com a ação racional como oposta à racionalidade, mas também com outros fenômenos classificados comumente como racionais e irracionais. Sabe da existência dos fatores que podem obstaculizar o desenvolvimento da racionalidade ou inibir as funções racionais. Observa como os fatores irracionais da conduta interferem com a conduta sadia e com a adaptação. Com a psicologia do ego desenvolveu-se uma teoria precisa sobre a influência do meio na determinação do acervo das condutas do indivíduo, cuja formulação mais bem acabada encontra-se em “A psicologia do ego e o problema da adaptação”, de Hartmann.

O ego é tomado como uma espécie de órgão executivo central da personalidade, caracterizado por um número mais ou menos exaustivo de funções supostas autônomas, primárias e secundárias – aparatos utilitários encarregados de domar progressivamente os “impulsos instintuais” e em obediência aos princípios adaptativos. Com isso objetivou-se “[...] fazer da psicanálise a base de uma teoria geral da personalidade” (LOEWENSTEIN, 1981, p. 524). A Loewenstein pareceu evidente que Hartmann demonstrava em seus trabalhos “um interesse especial na comparação e confronto dos conceitos psicanalíticos” com os das outras escolas de psicologia: “Para vir a ser uma teoria geral da personalidade e desenvolvimento, a psicanálise também precisaria abarcar outros fenômenos psicológicos que já foram objeto de estudo da psicologia, mas não da psicanálise até então” (LOEWENSTEIN, 1981, p. 526).