TOM POLÍTICO
Apresentador do Oscar, o comediante Jimmy Kimmel fez do presidente americano, Donald Trump, o principal alvo de suas piadas durante a premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, neste domingo (26). Com exceção de uma série de brincadeiras recorrentes sobre uma falsa rixa com o ator Matt Damon, seu amigo de longa data, o tumulto político em curso nos Estados Unidos desde que o republicano tomou posse foi o tema favorito do apresentador durante a premiação.
Fiel ao seu humor sarcástico e sua expressão impassível, Kimmel fez comentários sociais contundentes, mas contidos, sem gastar muito tempo abordando as polêmicas que assombraram a temporada de prêmios de Hollywood. "Esta transmissão está sendo assistida ao vivo por milhões de norte-americanos e ao redor do mundo em mais de 225 países que hoje nos odeiam, e acho isso incrível", comentou o astro de talk show logo depois de subir ao palco do Teatro Dolby, em Los Angeles.
Insistindo em não encontrar palavras para ajudar a unir um país dividido, Kimmel incentivou os espectadores a fazerem seus próprios esforços de reconciliação, procurando adversários políticos que conhecem pessoalmente para "ter uma conversa positiva, conscienciosa, não como liberais ou conservadores, mas americanos". "Se todos nós pudéssemos fazê-lo, poderíamos tornar a América grande novamente", disse, fazendo alusão ao slogan de campanha do próprio Trump.
O apresentador também cutucou a Academia por suas próprias limitações, traçando um paralelo astucioso entre críticas relacionadas à questão racial nos EUA, que tanto o presidente quanto o Oscar receberam. Nos primeiros minutos da cerimònia, ele fez uma indagação retórica em referência à polêmica do "Oscar so White" ("Oscar tão branco"), que eclipsou a cerimônia de 2016.
"Quero dizer: 'Obrigado, presidente Trump'. Quer dizer, lembram do ano passado, quando o Oscar pareceu racista?"
A piada rendeu risadas e aplausos entusiasmados da plateia repleta de estrelas. Neste ano, a Academia reequilibrou a representatividade racial da premiação, depois de dois anos seguidos em que todas as principais categorias de atuação ignoraram indicados negros.