Um campeão provável, um enredo improvável...

O resultado não foi nem de longe o retrato fiel da partida disputada. No último sábado (24/05) o Real Madrid sagrou-se campeão pela décima vez do maior torneio de clubes do mundo, a Champions League, ao derrotar o seu vizinho Atlético de Madrid no Estádio da Luz em Lisboa, pelo placar de 4x1. Pra quem não acompanhou a decisão, um 4x1 aparenta o chamado “vareio de bola” na linguagem boleira. O placar dá a impressão de que o Real atropelou um adversário apático e inexpressivo na partida, correto? Mas é só impressão mesmo, a história da final diz respeito a um outro enredo, totalmente inesperado.

            O valente Atlético de Madrid jogou muita bola! Foi guerreiro e fez uma marcação extremamente eficiente, como vinha fazendo durante toda a competição. Com um trio que parou o melhor ataque da competição durante o jogo quase todo; Thibaut Courtois na meta e uma zaga que impõe respeito: Diego Godín e Miranda, aliás se houvesse justiça no futebol Miranda estaria treinando com a Seleção Brasileira hoje para disputar a copa, pois não vejo nenhum brasileiro no futebol europeu em melhor fase que Miranda hoje, mas o assunto em questão não é esse. A defesa do Atlético deu show na defesa e deu show no ataque também já que ainda no primeiro tempo, Godín subiu mais alto que a defesa merengue e, contando com uma baita contribuição de Iker Casillas que saiu muito mal do gol, abriu o placar e o caminho para um inédito título para o Atlético de Madrid.

            A tônica do jogo foi essa, o Atlético extremamente eficiente na defesa e um Real que não conseguia acertar no ataque. Mas o futebol tem um quê de surpresa que é capaz de reverter toda uma história, e aquilo que era, passa a não ser mais o que parecia ser. Repentinamente, um lance mudou tudo o que acontecia naquele fatídico sábado e já que Gareth Bale insistia em errar, foi um defensor ao ataque resolver pro Real. Sergio Rámos num cabeceio perfeito empatou a partida, calando a torcida do Atlético e levando para a prorrogação a decisão do título. A partir de então, o enredo da partida foi outro.

            E o Real massacrou um Atlético exaurido e portanto, indefeso. Em um lance magnífico, Ángel Di María deu um gol para Gareth Bale poder dizer que esteve em campo e fez algo de bom. O brasileiro Marcelo e Cristiano Ronaldo cobrando pênalti, fecharam a conta e consagraram o Real, maior campeão do torneio, com seu décimo título!

Há que se destacar:

Um Di María brilhante, principal peça, na minha opinião, deste esquema de Carlo Ancelotti juntamente com o Luka Modric´; merecidamente eleito o melhor jogador da final. Um Bale que não fez jus ao “caminhão de dinheiro” que custou e que errou vergonhosamente tudo o que tentou, perdeu gols feitos e só marcou pelo brilhantismo de Di María. E um CR7 irreconhecível e inoperante numa final em que deveria ter sido protagonista. Acabou aparecendo com um gol de pênalti e só. Talvez por isso tenha exagerado tanto na comemoração. A imagem de CR7 comemorando e fazendo força deve ter rodado o mundo como a imagem do título, mas quem de fato mostrou ter força na hora em que, como diria Michael Jordan: “Separam-se os meninos dos homens” foi Ángel Di María! Ronaldo, na minha humilde opinião, ficou devendo muito! E fica o lamento pela infantil atitude de Raphaël Varane que chutou a bola contra Diego Simeone, técnico do Atlético no fim da partida.

Desta feita, o Real merecia e mereceu o título por ter um elenco mais qualificado e pelo investimento que fez, além da irretocável campanha até a final. Mas verdade seja dita, o Atlético não merecia e não mereceu a derrota, não da forma como foi. O Atlético peitou vários adversários considerados mais fortes e foi um legítimo campeão durante o torneio inteiro e até o último minuto daquela final, quando Sergio Rámos modificou toda a história. Mas como futebol não é pautado na justiça e sim em resultados, como diria Muricy Ramalho: “a bola pune” e puniu o Atlético, de modo que o Real se sagrou como o legítimo campeão europeu desta temporada! Parabéns ao Real Madrid que mostrou ter um grande elenco e também um grande preparador físico, fazendo honra à magnânima história do clube merengue na Champions League! Hala Madrid!