Ipu Antigo

Ipu Antigo V

 
Correio do Norte. Do meu acervo.
A ferrovia passa a ter papel de destaque para o crescimento econômico da então pequena Ipu. O final do século XIX e as primeiras décadas do século XX representam, para esta cidade, um momento de crescimento sem precedentes. Embora já se verifique que ele tenha sido contínuo, embora com avanços e recuos, desde pelo menos meados do século XIX, quando a região teria passado por um primeiro surto de produção de algodão e dinamizado outros setores, como o açucareiro, é somente após a chegada da ferrovia, em 1894, que se pode verificar um crescimento econômico mais acentuado.
A ferrovia teria contribuído para dinamizar ainda mais a produção de algodão. Em 1921, segundo dados dos “assentamentos da Estrada de Ferro”, apresentados pelo Jornal Correio do Norte, em 1921, Ipu e Serra da Mata eram os dois maiores exportadores de algodão no norte do Ceará. A primeira cidade teria exportado 298 toneladas de algodão beneficiado “não se falando na grande porção de algodão em rama, que a casa J. Lourenço, d’esta cidade enviou para Ipueiras onde possui uma fábrica de descaroçar e que d’áli foi remettida para Camocim.
O Cel. José Lourenço de Araújo possuía duas fábricas de beneficiamento de algodão, uma em Ipu (sede do município), outra na localidade de Ipueiras e pelo menos três estabelecimentos comerciais (armazéns), um em Ipu, outro em Ipueiras, e um terceiro em Crateús, que negociavam produtos locais e efetuava transações de importação e exportação. Os seus armazéns vendiam ainda miudezas, ferragens e materiais de construção. Segundo matéria do Jornal Correio do Norte, citada acima, o Cel. José Lourenço de Araújo era o maior exportador de algodão da região.
É preciso esclarecer que o algodão exportado pela cidade de Ipu, e que aparece nas estatísticas, não era produzido unicamente no município. Os comerciantes locais compravam o algodão bruto dos produtores desta cidade e das regiões circunvizinhas. Em seguida, o produto era beneficiado, descaroçado e ensacado. Só depois era exportado para os mercados consumidores. Data do início do século o surgimento de inúmeros armazéns que comerciavam com artigos de exportação. Além daqueles pertencentes ao Cel. José Lourenço de Araújo, citados acima, outros importantes estabelecimentos foram oArmazém Dias, pertencente aos sócios José Aragão e Manuel Dias, e a Mercearia e Bilhar, de propriedade de Osório Martins e José de Farias, que além do algodão, exportavam couro, peles, mamona e café, este último produzido na Serra da Ibiapaba, antes da ferrovia, consumido localmente e vendido para o Piauí.
 

 

 


 Algodão. Correio do Norte. Ipu, p. 1-2, 3 Ago. 1922.
 O cel. José Lourenço de Araújo era natural da Ribeira do Acaraú, da velha cidade de Santana. Veio para o Ipu no início do século XX. Como comerciante, abriu na cidade várias firmas e adquiriu muitas propriedades.
 Revista dos Municípios. Op. cit.
 BEZERRA, Antônio. Notas de Viagem. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará (UFC), 1965.
 
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